As 5 maiores dificuldades das mães durante a amamentação
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As 5 maiores dificuldades das mães durante a amamentação

Atualizado: 17 de mai. de 2021

Fizemos uma pesquisa com algumas mulheres para saber quais são os maiores obstáculos que elas encontram ao tentar amamentar seus bebês. E as queixas não são poucas e nem todo mundo consegue falar abertamente sobre o assunto. A boa notícia é que esses problemas têm, sim, solução! Agora você irá saber como superá-los para oferecer ao seu filho o melhor alimento do mundo: o leite materno.




Quando você vê aquela cena linda de uma mãe amamentando seu bebê em uma bela poltrona, com aquele sorriso estampado no rosto, transmitindo a maior tranquilidade do mundo, a impressão é de que o aleitamento é algo simples e totalmente natural; intuitivo. O que maioria das pessoas não te conta é que, não e nem sempre funciona assim. “Com a vida moderna, nós, mulheres, fomos deixando de conviver e nos afastando da naturalidade com que se vê a amamentação”, explica a enfermeira obstétrica e consultora de amamentação Marta Ferreira, do Coletivo Nascer (SP).



As dificuldades, principalmente no início da vida do bebê, não são poucas. E várias mães desistem de amamentar por falta de apoio e de informação. “Aqui no Brasil, o tempo médio de amamentação exclusiva, ou seja, quando o leite materno é o único alimento oferecido ao bebê, é de 54 dias, sendo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) é de seis meses”, destaca Marta.


E com isso Felizmente, os problemas na amamentação não são inéditos e a experiência de outras mães pode ajudar e muito! a passar por todos esses perrengues. E com isso reunimos os percalços mais comuns da amamentação e conversamos com alguns especialistas e também com algumas mães! Para ajudar a solucioná-los:





Dores


A Amamentação pode doer, e muito. E por vários motivos, que vão dos bicos rachados aos seios muito cheios… O ingurgitamento mamário, que é o acúmulo de leite nas mamas, e isso acontece, normalmente na época da apojadura, que é a descida do leite- pode até evoluir para uma mastite.







E a pega adequada é o segredo do sucesso. Para ter a pega correta, o ideal é que o bebê tenha a boca bem aberta e que o mamilo seja direcionado em direção ao céu da boca dele. O bebê deve ser incentivada a pegar mais a parte de baixo da aréola do que a de cima. Dessa forma é associado a um bom fluxo de leite, proporciona que o bebê faça sucções efetivas, ou seja, que ele consiga retirar uma quantidade de leite adequada. Com isso a mamada também se torna mais confortável.


O bebê abocanhar apenas o bico do seio é uma outra causa de sofrimento comum. “Quando o bebê não pega a aréola corretamente a mãe pode sentir dor nos mamilos. Ao mesmo tempo, se ele não consegue sugar bem, vai permanecer sugando por um longo período, agravando a dor”, diz Marta.



Os maiores desconfortos e os mais intensos ocorrem principalmente durante as primeiras semanas, quando os seios ainda estão se adaptando à amamentação. A vendedora Jéssica Carla Mendonça , 21, deu à luz a Noah, 3, quando tinha apenas 16 anos. E depois de quase dois dias de trabalho de parto, estava exausta. Mas tão exausta que colocaram o bebê para mamar enquanto ela ainda dormia. E nesse momento que os problemas começaram. ‘’Desde minha primeira pegada errada, ficou com muitas fissuras e muita dor”, lembra a mãe.


Ela tentou por vários dias corrigir o problema, procurou vídeos sobre pega, mas não conseguiu insistir por muito tempo. “Pensava que quando o bebê nasce-se era só colocar ele no peito e acabou. Mas o bico do meu peito rachou tanto que ficou pendurado. Doeu muito”, conta. Por isso, quando engravidou de Lígia , 1 ano, Brenda agora faz questão de se preparar melhor e de ajeitar a primeira mamada, ela mesma. “Eu peguei a bebê, posicionei direitinho e vi que a pega encaixou desde o início. Com isso consegui amamentar tranquilamente até a Lígia completar nove meses. Alerto toda grávida que eu encontro sobre a importância de se preparar para a amamentação”.



“Atualmente, é comprovado que práticas antigas, como passar bucha nas mamas, cortar o sutiã para expor os mamilos ou mesmo o uso de pomadas não preparam as mamas para a amamentação. É totalmente ao contrário: podem até prejudicar ainda mais”, adverte Camila Braga, fonoaudióloga “A única orientação segura é tentar expor os mamilos ao sol quando der e buscar saber mais sobre pega correta, melhores posturas e livre demanda”, alerta.


“A melhor maneira de preparar o seio para amamentação é procurar informações de qualidade e contar com o acompanhamento de profissionais que possam conduzi-la durante todo esse processo, como um consultor de amamentação ou especialista em aleitamento materno”, aconselha a profissional. Pesquisar por grupos de apoio e cursos no período gestacional também são estratégias importantes para uma amamentação consciente e tranquila.


E quando os seios estão rachados e doloridos, o que fazer? A melhor atitude quando as mamas ficam feridas é avaliar o motivo que levou isso a acontecer e ajustar a pega o mais rápido possível. “Pomadas são contra indicadas de maneira geral pois seu uso pode levar a obstrução de ductos e sensibilidade maior na região do complexo mamilo areolar”, alerta Camila. “Nos dias de hoje, utilizamos o laser de baixa potência para otimizar o processo cicatricial. É uma ferramenta nova, mas promissora, e com evidências científicas que apontam seu benefícios”.


As mamas muito cheias, ingurgitadas, também causam dor e prejudicam a pega do bebê, podendo levar ao aparecimento das fissuras. É muito importante que a mãe esteja atenta no momento das mamadas. “Se por acaso as mamas estejam muito cheias, ela deverá realizar o que chamamos de ordenha de alívio. A mãe massageie as mamas e retira um pouco do leite, de maneira que elas continuem cheias, mas mais macias”. Dessa forma permitirá que a pega aconteça de maneira correta, com consequente eficiência na mamada, sem dor e com esvaziamento adequado dos seios.





Pouco leite materno


“A sensação de pouco leite é a principal causa de desmame precoce no mundo”, segundo Marta. Diversas mulheres ouvem que devem ter pouco leite ou que o leite é fraco, quando o bebê não para de chorar. Foi o que aconteceu com Juliana Tavares, 33, enfermeira, e mãe de Vitória, 3. “Eu Percebi que a minha produção não era suficiente, ela chorava muito”, lembra. Ela conseguiu amamentar exclusivamente até os três meses até que ela e a filha ficaram gripadas. Devido ao nariz entupido, a bebê não conseguia sugar menos ainda.


Em algumas situações específicas em que a produção insuficiente de leite pode acontecer, por exemplo, a Hipoplasia mamária, que é uma condição anatômica, vinda de uma malformação congênita em que a mama não conseguiu se desenvolver adequadamente ou a cirurgia de mamoplastia redutora, quando há remoção de tecido mamário, que impacta diretamente na capacidade de produção de leite.


Com isso, não existe leite fraco. Nesse caso o que pode acontecer é um desequilíbrio causado quando o bebê não suga adequadamente ou quando a livre demanda não é respeitada, com isso, quando se impõem restrições de horários para as mamadas, ou até quando há o uso de bicos artificiais, chupetas, mamadeiras, bicos intermediários. Pode acontecer também a pega não estar sendo efetiva, o que influencia na retirada de leite pela sucção do bebê, que é o “comando” direto para que o organismo materno produza o leite, de acordo com a demanda.



Por isso, o uso de bicos artificiais para bebês que estão em aleitamento materno exclusivo não é indicado. A dica é respeitar a livre demanda e ficar em posições confortáveis, assegurando-se de que o bebê também esteja em uma posição que possibilite uma pega adequada, com sucção efetiva, e com a boca bem aberta, mamilo direcionado ao céu da boca, as mãos da mãe apoiando a mama longe da região da aréola para que não fique disponível apenas o bico para o bebê. “ Também é muito importante observar se o bebê está realmente fazendo movimentos de deglutição. O descanso materno ele é fundamental para a regulação e atuação dos hormônios envolvidos na amamentação”, lembra a enfermeira.


A dica da especialista é que mãe e bebê tenham sossego e privacidade para se conhecerem e aprenderem juntos sobre a amamentação. E ao mesmo tempo, a mãe deve ter ajuda para sentir-se tranquila e confiante no processo de amamentar. Contar com a ajuda do companheiro e familiares é essencial para uma amamentação tranquila e eficiente. E são bem vindas ajudas com os cuidados que envolvem a casa, alimentação, compras de supermercado, reforços positivos e tudo que envolve o entorno, para que a mulher possa ter condições tranquilas de cuidar do bebê e de si e, assim, amamentar com tranquilidade.


Quando se identifica a diminuição da produção láctea é importante lembrarmos da principal regra da amamentação: quanto mais o bebê mamar, mais leite será produzido. “A mãe deverá passar a oferecer as mamas mais vezes, com intervalos mais curtos e pedir auxílio para seu pediatra e/ou consultor de amamentação para otimizar esse processo”, sugere Camila. Ter uma livre demanda é uma solução neste caso, pois ajuda a restabelecer o ritmo adequado, uma vez que o bebê estimula as glândulas mamárias

inúmeras vezes ao longo do dia.



O Bico invertido




O que dificulta a pega é ter o bico do seio invertido para dentro. Assim sendo, o bebê não consegue sugar e puxa o seio com mais voracidade. Dessa forma a mãe pode precisar de ajuda para conseguir “formar” o bico. O maior erro e o mais comum é recorrer deliberadamente, sem auxílio responsável de profissionais, às conchas e bicos de silicone, o que pode atrapalhar ainda mais o processo. Ainda grávida, Laura Miranda, 35 anos, dona de casa, mãe de Guilherme, 4, e Carina, 3, por conta própria comprou esse tipo de acessório, seduzida por vídeos que procurava pela internet.


Ela tinha um dos bicos invertido e o outro, plano. Chegou a usar a concha umas duas vezes, porém em seguida foi dissuadida por sua madrasta, que é médica e explicou que não havia necessidade de preparar os seios de forma alguma, nem de tentar formar bico. Mas quando Guilherme nasceu, Laura se lembra de ouvir várias orientações divergentes ainda dentro do hospital sobre usar ou não conchas e bicos. “Uma das enfermeiras me ajudou bastante e me explicou que não tinha problema que o bico não fosse para fora, porque a pega ia ser na aréola toda”, lembra. Graças a isso, Laura não teve dificuldades na amamentação apesar do bico invertido. Na experiência dela, a posição da mamada no bico invertido fez toda diferença. “Lembro que era mais fácil amamentar com o bebê em posição invertida, com o pé virado para as minhas costas”, lembra.


Diz a fonoaudióloga Camila, mamilos planos ou invertidos não impedem a amamentação. “Nos início dos primeiro dias, poderá ser mais difícil para o bebê manter a pega, mas é possível ajustar a postura, colocar o bebê bem próximo ao corpo da mãe e usar recursos e massagens para tentar proferir os mamilos”, ensina. Porém, mantenha a calma: se você ainda está grávida e acha que poderá ter dificuldade por conta do bico, neste momento não há o que fazer. Assim que o bebê nascer, o contato precoce com o peito, logo após o parto, o estímulo constante da amamentação e fazer uma “prega” com a mão na mama são atitudes que podem ajudar o bebê a pegar corretamente o seio.




Falta de preparo e informação


Durante os nove meses da gestação, não são todos os futuros pais que se preparam para a amamentação. O parto parece algo mais urgente, e é justo, contudo muitos perdem tempo e oportunidade de se informar, preocupando-se somente com o externo, como preparo de enxoval, quarto e reformas. Tem também os que buscam informações, e muitas das vezes, não sabem a quem recorrer, encontram orientações erradas, insuficientes, em desuso. No momento em que a dona de casa Carla Maia engravidou de seu primeiro filho, Breno, 6 anos, não tinha ideia do que procurar nem para quem perguntar. “Não sabia nada sobre amamentação, nem na prática nem na teoria”, lembra. Breno era muito dorminhoco, chegava a embalar 10, às vezes 12 horas seguidas de sono e acabou perdendo peso. “Hoje eu sei que meu grande erro foi a chupeta. Lembro quando ele estava com um mês de vida, eu dava o peito e o leite não saía, uma vez que ele estava gastando toda a energia com a chupeta”, conta.


Na ocasião, ela fez o que 99% das mães desesperadas faria: pediu para o marido parar na farmácia, comprar fórmula e bebê sugou tudo em questão de segundos. O pequeno matou a fome e Carla seguiu, alternando mamadeira e mamadas. Mas Breno largou o peito definitivamente pouco tempo depois, aos dois meses. Pouco tempo depois, ela engravidou novamente, de Ravi, 5 anos, e, dessa vez, Carla buscou mais informação. Comprou uma bomba de leite, e tirou a chupeta da sua vida materna.


Mas no fim acabou cedendo à chupeta não só por conta do cansaço de cuidar de dois bebês ao mesmo tempo no entanto o principal falta de ajuda. “Não tinha rede de apoio, não tinha grupos de mães do WhatsApp, nem sabia que podia recorrer a uma consultora de amamentação para tirar minhas dúvidas”, lembra. As coisas foram bem até Ravi completar seis meses e voltar a trabalhar, a partir daí que o bebê passou a preferir a mamadeira. “Ele ficava sentido quando eu saia e passou a recusar o peito. Já com o Breno foi confusão de bicos mesmo. Com isso, percebia pelo jeito como ele abocanhava e que ele não estava mais entendendo o que era o peito”.


Diz Camila, sempre bom ter um consultor de amamentação ou um profissional especialista em aleitamento materno, e é fundamental para a preparação da família neste momento tão marcante, que é a chegada de um bebê. “Os profissionais conduzirão os pais para grupos de discussão, oferecerão materiais e apoio inclusive em redes sociais , e as informações são passadas com segurança e responsabilidade”, reforça.


Falta de apoio e críticas



O assunto amamentação e parto são temas que facilmente causam divergências. E, muitas das vezes as conversas evoluem para brigas, no entanto isso acontece quando há falta de informação. “Se estamos mais seguras e embasadas fica mais fácil avaliar de maneira correta” aconselha Bruna. Procurar ler livros sobre amamentação e buscar fontes confiáveis em cursos são boas alternativas para se preparar para a chuva de palpites que, acredite, vai chegar. “Analise com calma a contratar a visita de uma consultora em aleitamento. Você poderá encontrar alguns convênios médicos até oferecem o serviço”, completa. É possível pedir ajuda em bancos de leite e postos de saúde.


“Mas você tem leite?” Maria Souza, 26 anos, farmacêutica e, mãe de Bernardo, de 9 meses, cansou de ouvir essa pergunta. Ela recebeu palpites em relação a tudo, principalmente vindos da família do marido, mas o tópico amamentação foi, de longe, o mais abordado. Maria mora com a família na Califórnia (EUA) , onde a cultura da amamentação e os benefícios do aleitamento não são amplamente divulgados. “Sinto como se fosse eu contra o mundo, pois não tenho suporte nenhum”, conta. De tanto as pessoas darem palpites, ela começou a achar que o leite não era suficiente mesmo, que o filho não dormia de fome e acabou enchendo a cabeça de grilos. O que a deixou mais segura a busca por informações por conta própria em cursos e grupos online. “Me senti perdida como se ninguém me ouvisse. Me senti desrespeitada. Dessa forma percebi que, na verdade, as pessoas não querem entender, só querem falar e falar. Por isso nem respondo mais”, conta ela, que segue firme na amamentação apesar de ser, ainda uma batalha solitária.


“É muito interessante ter um ‘pacto’ com o companheiro, para conseguir ter seu período de adaptação com o bebê respeitado pelo mundo exterior. Ter visitas curtas, enquanto a amamentação está entrando nos eixos o que é mais facilmente alcançável neste período de pandemia. Quando tiver visitas, que elas sejam, de preferência, visitas ‘úteis’, ou seja, alguém que vá para ajudar com os cuidados da casa, fazer uma comida, levar marmitas prontas…”, sugere Camila. “É possível recorrer a recadinhos em redes sociais, pedindo privacidade. Não tenha receio em dizer que comentários não são bem-vindos, principalmente os não solicitados”, complementa. A maternidade precisa de menos julgamentos e mais apoio.




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